quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Inteiro – e não pela metade

Das organizações Globo, o que, felizmente, foi muito mostrado e o que, infelizmente, não foi.

"Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo"

"O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida"

São interessantes os comentários, de dois jornalistas, em um postagem de outro no Facebook. O primeiro diz tudo – exceto pelo fato de o pedreiro estar desaparecido, não havendo confirmação de assassinato. No segundo, me parece claro que o autor se referiu à "imprensa vendida" de forma irônica, negando a acusação, embora não tenha posto o termo entre aspas.

*(Legenda no final do texto)

O vídeo em questão foi gravado e publicado pelo site do jornal O Globo, das Organizações Globo, que muito frequentemente vêm sendo atacadas e tendo seus profissionais xingados, agredidos e ameaçados pelos milicianos de cara encapuzada (ou nem isso) em suas manifestações pacíficas de pedradas, pauladas e coquetéis molotov.

Suas imagens mostram um policial com um morteiro na mão antes de abordar um militante, na Cinelândia, após a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal carioca. Em seguida, mostram o mesmo PM deixando o morteiro no chão, enquanto a mochila do então suspeito é revistada. Após a revista, o mesmo PM sai empunhando um morteiro, o qual apresenta como suposto flagrante, após ele e outro colega de farda darem ordem de prisão ao mochileiro

A sequência não mostra o PM pegando de volta o morteiro que havia jogado no chão, mas é possível vê-lo – atrás de um cameraman aparentemente também militante – se abaixando durante a revista, na qual não é mostrado nenhum morteiro e nenhuma outra arma sendo encontrada na mochila. Se as imagens não podem confirmar 100% que ele forjou o flagrante, deixam muito próxima essa constatação, completada depois pelo fato de o rapaz não ter sido indiciado, o que certamente teria sido, caso portasse explosivo – combinação de prova material com circunstancial.

O Globo fez muito bem ao dar o furo sobre a conclusão do inquérito, no que pese a dúvida, trazida a mim por outro jornalista, sobre uma indicação de tortura por asfixia sem cadáver para exame de corpo de delito. Como fez muito bem também ao gravar e publicar o vídeo e mostrar a todos uma postura péssima da PM, que não é novidade.

Mas a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. É da natureza dos homens-massa que usam o termo odiar a imprensa que consideram "vendida": ou seja, que não publica só e exatamente o que o partido ou movimento deles quer que seja publicado – é o que seus ídolos chamam de "democratização da mídia", em uma realização da novilíngua com cuja perfeição Orwell não conseguiria nem sonhar, mas que os socialistas realizam. É a "democracia" de partido único e jornais somente os aprovados (aliás, escritos) pelo partido – que chama a si próprio de "povo" (não por acaso, tais militantes tentaram cassar indiretamente o voto do povo carioca, impedindo o trabalho de vereadores democraticamente eleitos por todos).

O vídeo do Globo, felizmente, foi compartilhado inúmeras vezes. Essa outra notícia é de uma repórter da rádio CBN, das mesmas organizações Globo, que foi xingada, ameaçada e que não só foi agredida covardemente por um bando de milicianos socialistas que se atribuem a primazia de decidir quem pode ou não trabalhar em um espaço público porque, dessa vez, a PM fez a coisa certa e não permitiu que uma pessoa fosse atacada por uma bando. Esas, infelizmente, foi muito pouco compartilhada.

*Legenda: contra esse pacífico manifestante na foto de Silvia Izquierdo, da Associated Press, nem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, nem a Comissão de Direitos Humanos – cujo presidente, Wadih Dahmous, homenageou o corruptor José Dirceu – disseram nada.

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