terça-feira, 8 de outubro de 2013

Menos iguais que os outros

Há uma semana, disse que precisaria estudar para avaliar o Plano de Cargos e Salários oferecido pela Prefeitura do Rio aos professores e as alternativas a ele. Não era o único. O Sindicato dos Profissionais da Educação foi reprovado em matemática: sua proposta (aumento de 15% a cada nível, por tempo) levaria vencimentos de docentes para cima do teto estatal, de R$ 28 mil.

É difícil crer que um iniciante recusaria a oferta da prefeitura carioca: R$ 4.147 por 40 horas semanais. Curioso, o PSOL, que lidera oposição e apoia o Sepe no Rio, tem, em Macapá (AP), o único prefeito de capital que paga menos que o piso nacional, de R$ 1.567, aos professores municipais: só R$ 1.347.

O salário, ó... só não é menor do que os R$ 1.260 declarados pelo primeiro médico cubano ouvido a respeito. O resto da bolsa (R$ 10 mil) fica com a ditadura cubana, mas aí as manifestações foram de que eles tinham missão a cumprir, como se fossem salvar nossa saúde e sem mesquinharias salariais – resta saber, então, porque 500 deles fugiram da Venezuela aos EUA, em 2010. (Correção: na verdade, foi de 2006 a 2010).

Defender que se obrigue uns a trabalhar, entregando quase 90% do que receberia à ditadura que ainda restringe sua locomoção, e que outros deixem crianças sem aula (já há quase dois meses) por tratarem como “inaceitável” uma remuneração bem melhor, é falta de caráter. E é essência do socialismo, no qual todos são iguais, mas os cubanos são menos iguais que os outros*.

(Da coluna publicada hoje, 9 de outubro de 2013 no jornal Destak.

Também na semana passada, um leitor – esse, até prova em contrário, de boa-fé – disse que “a PM espancou os professores que ocuparam a Câmara”. Prometi-lhe publicar, caso me mandasse, vídeo ou foto com espancamento. Não mandou. No programa que cita, a PM usa força para retirar invasores (e há confronto), mas não aparece espancando ninguém: migre.me/gj76z.

Quem crê que é a PM que sistematicamente vem atacando trabalhadores (não confundir com sindicalistas), pode ver o que conta esse motorista de ônibus, aos dois minutos e meio. Mas, se você, tão legal, não toma como exemplo nada que passe na malvada Globo (de fato, insistente demais em ressaltar o suposto caráter 'pacífico' das 'manifestações') para não ser manipulada, tudo bem. Finja para si mesmo que é só uma miragem e siga caminhando e cantando para o piloto vítima de apedrejamento, para continuar sendo "a favor da educação".

*Para quem não pescou, a referência é aos porcos, líderes, da Revolução dos Bichos, de George Orwell, que fazem o papel dos capos bolcheviques e, como os tais, decidem que "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros".

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