quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Adolescentes trintões – ou quase

Nova orientação a psicólogos americanos estende o fim da adolescência dos 18 para os 25 anos. Como o Brasil adora imitar tudo (e só) o que não presta dos isteites, logo a asneira chega aqui oficialmente. Na prática, este país já tem coisa pior, como o Estatuto da Juventude, que estende para até os 29 anos o direito à meia-entrada*.

O professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, discorda da causa econômica a que se costuma atribuir a tendência. Tendo a concordar com ele, ao menos se o suposto motivo for falta de bens ou de dinheiro. O aumento inédito do acesso a comida, eletrodomésticos etc. – culpa da liberalização econômica especialmente da Ásia – coincide com a maturação das ideias politicamente corretas plantadas por Marcuse e cia., mentores da geração professora da atual.

Pode ser só acaso, mas, na galera mais contra “o patriarcalismo, o capitalismo e tudo-isso-que-está-aí”, não falta gente que desfruta de vida em altísimo nível material com pouquíssimo mérito pessoal – graças à família e “tudo-isso” contra o que se rebela por saber que não corre nenhum risco.

Nem se trata dos tais “ritos obrigatórios”. Quem é solteiro e leva uma vida hedonista aos 40, por opção, é mais maduro que quem se casou e teve filho, ciente de que dependeriam dos pais/avós. Pode ser só acaso, mas coincide com quem hoje vive a defender a versão nacional do que Luiz Felipe Pondé já definia, há dois anos, sobre os “jovens” de Londres que “quebram tudo porque a malvada sociedade do consumo os obriga a desejar iPads”.

Publicada hoje, 16 de outubro de 2013, no jornal Destak, com o título "Jovens de 25 (ou 29) anos."

*Parágrafo-bônus: o projeto se origina de uma iniciativa da deputada federal pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila, recém-eleita presidente do PC do B, partido que domina a UNE (União Nacional dos Estudantes), da qual ela também já foi presidente. A entidade tem nas carteirinhas de estudante para meia-entrada sua principal fonte de financiamento, mas é claro que a parlamentar não quis dar uma forcinha. Também foi puro acaso.

Um comentário:

  1. Maturidade e independência, vêm bem a calhar Essas medidas só atrasam o desenvolvimento humano... Essa 'turma' precisa se concentrar em coisas boas...

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